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terça-feira, 29 de maio de 2007

ABANDONO

(Em homenagem a autora de tal)

Saiu e me tirou a paz,
Deixou a amarga lembrança,
Levando o pouco que era EU.
Enaltecendo o que é ela?

PARA UM AMIGO

Você já viu o sol?
De perto ou longe?

Você já sentiu dor?
De cabeça ou de amor?

Você já usou?
Cannabis ou álcool?

Você alguma vez
Já se preocupou com um amigo
Ou consigo?

Você já deu um ombro
Uma mão
Um abraço
Um beijo
Um trocado
Um recado
Para um amigo?

Quem é seu amigo?

DEPOIS DA NOVA BOMBA

A dança nefasta de um bebê disforme
Formando sombras e furúnculos no chão
Chamando os mortos de outrora
Ouvindo a não-resposta
Estando os homens escondidos
Doidos em buracos fundos
Findando suas vidas banais
Brincando com a dama negra
Negados de entrarem na porta
Portadores das chagas atômicas
De antes de ontem


Helder Mello

A TV

A necessidade televisiva dos lares
Assombroso índice de dependência
São Faustos e Augustos (lixo!)
Invadindo as salas
Aos domingos
Dias santos
Dias iguais
Feriados nacionais
O que fazer para fugir?
Um pontapé ou tijolada no vidro?
Um clique não resolve
O dedo não obedece
A cabeça não funciona
Ou quebra a tela
Ou gela no sofá

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Desespero no Coração de Um Homem Distante

O rosto no espelho a fazer a barba já não é mais o mesmo.
Noutro tempo cheirava a leite.
A pele macia de antes o dera visões positivas de um futuro promissor.
A ressaca de uma noite longa e mal dormida refletia na sua face uma dormência alcoólica
E uma maciez exuberante no dia seguinte...
E ao mesmo tempo, uma recordação picante de garotas conquistadas o fazia feliz.
Tempo que saia de mãe era abrigo; bolso de pai, corrimão;
E ombro de amigo, corrimão também.
O homem que tinha o abrigo quente
Tinha o coração frio e o pulso de ferro.
Até então, nenhum ímpeto de matar ninguém.
Hoje, a realidade da desgraça mundial e humana o deixa triste.
A realidade da impotência diante das injustiças também...
Desespero no coração de um homem distante!
Tal homem que é feliz enquanto dorme.
Quando acorda sente a dor da vida penetrar-lhe na carne.
Deseja a seus filhos o que ter não pôde, a paz espiritual...
O homem que luta sozinho no mundo
Desabitado de Amor e de Justiça aprendeu a chorar.
Mas não cansa, corre atrás;
Pois é tarde, e seu coração de homem está corroído pelo ódio...
Os nervos de um homem de ódio se tremem...
A raiva o faz ter alucinações de noite.
Ele não tem medo da morte, mas sente pavor do ridículo.
Ele odeia o escárnio de outros homens,
Está com o pulso ferido e precisa de ajuda...
Precisa da brisa fria pra compensar o ódio do coração.

O homem que não perdeu nada,
Mas que também nada ganhou, só é feliz enquanto dorme...
O homem de pulso ferido é corajoso,
Não tem medo da morte;
Desafia o escárnio e a bazófia de outros homens.
O ódio que sente, o faz ter calafrios de noite.
Não pensa em morrer... Ainda!
Só pensa em dormir...
Espera que no outro dia acorde com mais energia e força
Pra encarar o vexame de ser humano de século 21.
(Continuação)
O homem que corre atrás do que o enfraquece
Foi ferido no pulso e no coração.
O seu pensamento, que o persegue todas as noites,
Feriu o seu coração de homem...
Ele é bravo e luta com seu pulso ferido
Contra seu pior inimigo,
E que habita em sua própria mente:
O seu próprio pensamento...
Achará um dia que a morte é o sono
Que não conseguiu dormir hoje!
Oliveira Reis